De repente é um vazio que fica, por incrível que pareça, um vazio conhecido o qual já estou acostumada a sentir. Mas pesa, doi, incomoda me leva o coração. De repente tudo voltou ao que era antes, muita solidão, minha amável solidão, sempre amiga, sempre presente, sempre coerente. De repente sou eu, apenas eu, com meus defeitos e qualidades, com meus medos e verdades. Não busquei este vazio, ele veio por que quis, veio sorrateiro, entrou no meu peito, se alojou por direito.
Talvez tudo já estivesse escrito, tudo estava lá, eu apenas não quis enxergar. De tanta certeza virou realidade, não queria, juro, não queria. Quem com juízo perfeito quer este vazio alojado no seu peito, dilacerando seu repeito, sua sanidade. Mas tudo já estava lá, escrito a ferro e fogo. Não era para ser, não era para existir.
Agora é fechar os olhos, deixar a tempestade passar, escutar o vento forte limpar o medo a dor e seguir em frente, um passo de cada vez, um dia após o outro, apenas respirar. Tudo passa, o medo, o vazio, a dor, o vento, apenas a amiga solidão fica. Fazendo companhia, ajudando no meu sono, juntando comigo os pedaços que sobraram, novamente me ajudando a colar os fragmentos.
Um dia tudo será apenas saudades, histórias, mensagens. Novos aprendizados, novos conceitos, novos caminhos. Apenas uma certeza, eu tentei, busquei,fui atrás.
Não me acovardei por trás de conceitos erguidos em altares vazios, nem me escondi dos sentimentos. Vai sempre ficar um pedaço faltando, um pedaço que não era meu, mas que estava lá, colocado, sentido e depois arrancado, pelo vento, pelo tempo, pelo descaso. Eu considerei meus sentidos, perdi novamente para a covardia, para o medo de arriscar.
Após quase vinte anos, pensei que seria mais fácil, não é, este vazio, esta dor, este sentido vão ser sempre os mesmos. a única certeza é que tentei, me joguei neste abismo, soltei a corda, rompi os muros. Perdi? pode ser, mas estou viva como sempre estive. Pronta para me erguer, olhar para frente e seguir caminho.
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