sábado, 16 de maio de 2015

Intensicando a dor

Hoje perto de completar 52 anos de vida percebi o quanto intensifiquei a minha dor, sei que tudo que passei esses anos todos tudo estava escrito, tudo tinha que acontecer do jeito que era para ser, família, casamento, filhos, separação, solidão, tudo escolhido antes de chegar até aqui, mas eu fiz pela forma mais difícil, intensifiquei a minha dor, vivi o tempo todo a beira de um abismo criado por mim.
Ninguém me colocou onde vivi, apenas eu preferi ficar a beira do abismo, do sofrimento, da vitimização. Tive escolhas, mas preferi viver pela dor, pensei em quantos outros caminhos poderia ter ido mas todos eles sempre virei as costas para poder viver pela dor, ela não me escolheu, eu que fui atrás dela, pegueia para consolo e a fiz ficar ao meu lado todos os dias até o momento e não sei mais ficar sem ela. Tornou-se um vicío, um estilo de vida uma forma de encarar o mundo, intensifiquei-a a um ponto de não mais saber quem sou eu e quem é ela. Muitos poderão dizer livre-se dela, deixe-a, corte-a de sua vida, mas como saber qual pedaço é meu e qual é ela. Corro o risco de cortar, deixar pelo caminho pedaços de mim. Como extirpar algo de já se misturou ao meu ser.
Por isso digo antes de começar a sofrer pense até quando vai a sua dor, não a deixe ficar, não a intensifique, pois corre o risco dela se misturar ao seu ser e depois não saber mais quem é você e quem é ela. Como narciso se mirando a um espelho dágua, fiquei me refletindo nela até ao ponto de me jogar dentro dela e me afogar e ela fazer parte de minha alma.